terça-feira, 28 de setembro de 2010

A abelha Boca-de-sapo (Partamona Helleri)

Uma abelha muito rústica e criticada por muitos, onde pessoas as confundem com as Arapuãs, e muitas vezes elas são eliminadas por falta de conhecimento!

É conhecida popularmente como Boca de sapo pela sua entrada caracteristica formando a forma de uma boca grande de sapo, feita de barro com própolis.

Muito do contrário do que muitos meliponicultores e colegas do meio pensam, a boca de sapo é uma abelha tão boa quanto outras mais criados e populares, e ainda ela leva uma vantagem estráordinaria com relação as outras espécies de abelhas sem ferrão, onde fazem seus ninhos em muitos lugares diferentes e com facilidade se multiplicam!

Seu mel é muito saboroso e limpo, e elas são grandes coletadoras de pólen, visitando muitas espécies de plantas e árvores do meio urbano.

Um fator que deixa muitos com duvida em relação a sua higiene e conduta é por causa da falta de chuvas (falta o barro), ela assim acaba pegando excrementos de animais para usar na parte externa de seu ninho, mas isso não julga nada, pois a maioria da nossa tão popular e criada racionalmente Mandaçaia também coleta fezes para marcar território na área externa de seu enxame!

Particularmente para mim ela é uma das abelhas que tem a entrada mais linda de todas as ASF, e seus ninhos coletados de forma certa é uma bela forma de enfeitar o meliponário, como nas fotos abaixo...









Outra bonita forma de salvar a abelha, e que não tem jeito de tirar seu ninho sem quebrar suas estruturas é retirar o enxame e colocar em uma caixa racional, onde ela vai fazer sua entrada também de forma escultural.

Início da construção da entrada...

Partes finais...


Portando se você achar alguém que queira matar está artista do meio das abelhas diga a está pessoa o quanto ela é importante para a flora local!




Onde se tem um enxame, por perto deve ter vários com o passar dos anos!

Um grande abraço a todos...














terça-feira, 7 de setembro de 2010

Hibridismo entre espécies de ASF

Em diversas espécies de abelhas sem ferrão observamos casos em que certas espécies tem uma ligação para ocorrer a hibridação entre elas... Ou seja, um macho de uma certa espécie fecunda a rainha virgem de uma outra espécie, formando o que chamamos de uma espécie "HÍBRIDA".
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Nestes diversos anos em que eu pesquiso e trabalho com a meliponicultura eu pude ver e relatar vários casos de hibridação entre espécies, em que algumas eu estou ou já realizei algum tipo de estudo sobre as características de desenvolvimento do enxame, reação em situações criticas do tempo e busca por alimento e etc, onde aqui vou relatar a todos os resultados visíveis de minhas pesquisas e comentar sobre casos que já observei com amigos e companheiros da meliponicultura.
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Vamos começar com uma espécie que todos já conhecemos e sabemos bastante a respeito; a Mandaçaia, que pode ser da espécie Quadrifasciata Anthidioidis ou Quadrifasciata Quadrifasciata, onde estás duas sub-espécies se híbridam com facilidade, modificando sua aparência de forma que ela tenha caracteristicas de cada uma das duas espécies.
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Na foto abaixo podemos ver um exemplar de cada espécie, sendo a primeira da esquerda p/ direita Quadrifasciata Quadrifasciata, a do meio uma Quadrifasciata Anthidioidis e a terceira a espécie híbrida, onde suas listras no abdómen ficam com as características de ambas.

Eu venho nos últimos anos observando e relatando algumas caracteristicas destas 3 espécies, e posso afirmar minhas conclusões sobre a Mandaçaia Híbrida...

Ao meu ver ela aderi as melhores caracteristicas de cada uma das espécies; fazendo potes de alimento grandes igual a QQ, não cessando a postura durante o pico do inverno igual a QA, sendo uma abelha de grande porte, a rainha faz uma postura muito boa, seus discos de cria são de diâmetro muito excelente e a população dos enxames esta sempre grande e com uma certa agressividade, coisa que é difícil de relatar nas espécies puras QQ e QA. Quase todas estas caracteristicas citadas por mim estão presentes em todos os enxames híbridos que eu possuo e já observei.

Outro caso muito comum de hibridação entre espécies é o caso das Scaptotrigonas das regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste, que por sua vez são: Tubuna (S. Bipunctata), Mandaguari (S. Postica), Benjoi (S. polysticta), Canudo (S. Depilis), Tubiba (S. Tubiba) entre outros...

Estás espécies de Scaptotrionas são muito parecidas visivelmente, os meios de diferenciação das espécies acabam sendo muito confundidos por diversos meliponicultores graças as difíceis diferenças entre algumas espécies, onde estas caracteristicas de diferenciação são pelas suas entradas, pequenas listras e pontos nos abdomens, brilho das asas, micro pelos no corpo, e etc. E alem destes fatores, torna-se ainda mais difícil graças a hibridação frequente neste género (Scaptotrigonas).

Eu pude confirmar está afirmação com uma grande conversa e demonstração prática a respeito com nosso querido amigo o Prof. Cappas no ultimo encontro realizado na fazendo do Prof. PNN em São Simão, onde eu pude observar vários casos de Scaptotrigonas híbridas em que visivelmente já se nota que há diferenças nas entradas da espécie (juntando a caracteristica da entrada de 2 espécies), diferenças no abdomen (listras e pontos com caracteristicas de 2 ou mais espécies diferentes) e vários outros fatores.

Eu sei de outros casos de hibridação entre as Mirim Guaçu (Plebeias remota) com Mirim Guaçu amarela (Plebeias remotas rufis), entre as Mirim Drorianas (Plebeias droryanas) com Mirim Emerina (Plebeia Emerina), e possivelmente entre Manduri (M. Marginata) com Manduri amarela (M. marginata rufis).

Agora, o caso de hibridismo entre espécies mais interessante que estou tendo o prazer de observar e que ja tinha ouvido falar de relatos é entre a Uruçu Verdadeiro (M. Scutellaris) com a Uruçu Capixaba (M. Capixaba); pois mesmo as duas espécies estarem separadas naturalmente por mais de 300 km e ainda poderem se cruzar quando colocadas em mesma área sugere que houve uma separação geográfica abrupta, sem ocorrência de pressão para desenvolvimento de isolamento reprodutivo, se tornando ainda mais curioso o estudo de sua hibridação.

O estudo da espécie híbrida e os fatores de sua hibridação já foram estudados por grandes nomes da meliponicultura como o Prof. Warwick Estevam Kerr, alem de outros grandes pesquisadores que atualmente também fazem pesquisas sobre esta hibridação.

Na foto abaixo podemos observar uma abelha híbrida entre as duas espécies, onde o abdómen, que é geralmente preto brilhante da espécie M. Capixaba, mostrou listras brancas similares àqueles encontrados em Melipona Scutellaris, alem de diferenças na coloração do torax, e ao meu ver na face da abelha, que é uma mistura das duas espécies, e o tamanho da abelha é mais similar a Uruçu Capixaba (abelha mais robusta e forte).

Eu venho observando já a algum tempo o corportamente de um enxame híbrido entre estas espécies pertencente a um grande amigo meu aqui em minha cidade, e agente não pode deixar de notar que as abelhas híbridas são muita agressivas, fazem potes de mel bem grandes igual a caracteristica da Uruçu verdadeiro, e ao meu ver está espécie híbrida deve adquirir as melhores caracteristicas de cada espécie, se tornando uma espécie mais "forte" as dificuldades, com grande adaptação ao clima, meio ecológico e formação de novos enxames.

Eu e meu amigo retiramos a rainha híbrida do enxame, e a colocamos em um enxame órfão de Uruçu Verdadeiro, que tal enxame aceitou a rainha Capixaba híbrida e ela ja está fazendo postura a algums dias. O enxame híbrido que ficou órfão foi levado para um outro local onde não tinha enxames de uruçu Verdadeiro, junto a uma outra colônia de Uruçu Capixaba pura, e após algum tempo o enxame híbrido formou uma nova rainha que agora já faz a postura e nos resta saber se está nova rainha foi fecundada por um macho Capixaba puro, ou por um macho híbrido, e se foi, o enxame deve continuar sendo híbrido.

Se algum dos amigos quiserem saber mais sobre o termino desta situação é só me perguntar que assim que eu tiver novas respostas eu terei o prazer de falar a todos.

Bem meus amigos, espero que todos tenham gostado desta matéria, e ressalto que muitas coisas sobre hibridação entre espécies só tem um resultado correto com pesquisas de genética e meios cientificos, mas todos os meus comentários citados aqui foi com grande observação prática e idéias que aparentemente são corretas para serem ditas!

Um grande abraço a todos...

e até a próxima!